Talk about leaving home - Parte 2 de 2


Querida Horta,

Com uns 8 meses de atraso, mas cheguei! para continuar o lindo desafio, no meu primeiro post de 2016.


E, estando de volta do eremitismo de 6 meses, trago a outra metade do número:



4. Talk about leaving home. (2/2)

Cá vamos nós :)

Batatinhas

Parte II

Não é na praia a beber caipirinhas, com aquele sol brasileiro que tanto queima os mais desatentos; não é sob um pôr-do-sol de tirar a respiração, nem ouvindo o canto dos milhares de passarinhos coloridos com que me cruzei na minha jornada, que te escrevo, Horta.

É sentada no meu quarto de sempre, no Verão luso que tão bem conheço, e na cidade que me viu nascer e crescer que debito estas palavras atrasadas. Mas não sei se é a partir de Casa que te falo sobre o que é sair de casa.

Sabes, é que eventualmente ao longo do caminho, o coração foi ficando perdido. Perdido nas pessoas que comigo se cruzaram e que nele tocaram, perdido, quem sabe, no mar quente onde mergulhei não suficientes vezes, perdido nos passeios à beira-mar e nas conversas profundas comigo e com outros - mas principalmente comigo.

Sair de casa é, acho, ficar sem casa. É ganhar a sensação de inquietude e desprendimento do que antes era tão certo e garantido. É embarcar numa viagem interior com apenas bilhete de ida e esperar que eventualmente o Tempo trate de nos voltar a colar como um todo.

Crescer numa redoma de vidro, ocasionalmente pontuada por vislumbres simulados de realidade, dá-nos a segurança de pisarmos sobre um chão tão firme que, na verdade, nada mais é que plasticina que se vai moldando à medida que nela caminhamos. Compreender que o Mundo vai muito para além do que imaginamos, e que o Ser Humano tem muitas mais camadas de complexidade do que as que nos atrevemos a explorar, foi algo que aprendi nestes seis meses de Viagem.

Com uma semana e uns dias de regresso, ainda estou a tentar reconhecer em mim o meu antigo Eu, sabendo de antemão que tal tarefa tem muito poucas probabilidades de ser bem sucedida. Agora sei que cada passo que der será com o meu esforço, será com responsabilidades acrescidas e será com consciência de que apenas o darei se contribuir para o meu desenvolvimento pessoal.

Abrir a mente para o que realmente importa é o maior desafio que podemos impor a nós mesmos. Vivemos e crescemos formatados para o que de mais mundano existe – estudar, trabalhar para ganhar dinheiro, ter uma casa, parceiro, filhos – e no fim de tudo isto, restam-nos alguns anos para nos perguntarmos “O que raio ando aqui a fazer?”.

Quando aquela Batata tola, de olhos a brilhar, saiu de Lisboa, há seis meses (ou terá sido há muitos anos?), achou que embarcaria numa Viagem cheia de cor e festa, Samba e caipirinha. No entanto, o que encontrou foram algumas rochas para trepar, algumas chuvas com gotas tão mais frias e pontiagudas do que o que imaginou ser possível. E também Solidão.

E foi naqueles momentos de Solidão que me encontrei. Nos momentos em que dei mais de mim, do que o que achava humanamente possível, descobri que a pessoa que em mim morava tinha mais do que o que sempre conheci.

Mas também foi onde tive as conversas mais sinceras, foi onde conheci pessoas que realmente apreciavam os pequenos prazeres da vida - nem que isso significasse demorar meia hora a comer um bolo pequenino :) pessoas que sabiam ouvir de verdade, cuja vida não corria, cuja vida era apreciada ao mais ínfimo segundo, e que souberam como ninguém amparar este passarinho desajeitado e perdido que chegou à América do Sul.

Não sei se foi por ter vindo de outro hemisfério, mas o meu mundo e a percepção que tinha dele ficaram virados de cabeça para baixo. E se estava à espera de encontrar todas as respostas, acabei com muito mais questões. No entanto, descobri um novo caminho: descobri que desta vida nada mais levamos do que os momentos com que somos presentados todos os dias, e a importância de estar realmente presente, com os poros abertos para todas as sensações, realmente sentindo as experiências, e não passando apenas por elas.

Sair de casa é muito mais que pegar nas coisas e partir. No meu caso, sair de casa significou sair de mim. Significou pegar carona numa bicicleta para um, enquanto no desconforto da viagem, sentia o vento na cara naquelas descidas loucas que me fizeram gritar, e via o sol a brilhar em cima do mar.

E que bom que é a aprendizagem de conseguir absorver as boas energias do que está à nossa volta, mesmo no meio de algum desconforto. Porque, na verdade, não importa quantas nuvens toldem o nosso céu, acima delas ele é sempre azul.


Santo Antônio de Lisboa - Florianópolis



1. Describe yourself from your pet’s point of view.
2. Share the most incredible thing you’ve ever seen in the most boring tone possible.
3. Provide your stream of consciousness during the the worst nightmare you’ve ever had.
4. Write about leaving home. 
5. Pick ten sayings for a fortune cookie that you would never want to see come true.
6. You wake up with a key gripped tightly in your hand. How did you get this key? What do you do with this it?
7. Write a compelling argument pushing the worst advice you’ve ever been given.
8. Describe heartbreak.
9. Give 14 pieces of advice to a teen who is graduating high school.
10. Write the autobiography of the life you weren’t brave enough to lead.
11. Write a love story from end to beginning.
12. Pick a person you can’t stand and write a letter describing every wonderful thing about them.
13. Write a love scene from the point of view of your character’s hands.
14. Turn the thing that makes you the angriest into a poem.
15. Write about the way things should have been.
16. Write your own obituary honestly.
17. The person you loved who didn’t love you back.
18. A coffee date with the person you were a year ago.
19. The horrible secret the grocery clerk was hiding.
20. Write a love story starring your algebra teacher.
21. Write a letter to your future self.
22. Write about writing.
23. You approach a stranger on the street and ask them to tell you one thing they have never told anybody. What do they tell you?
24. You only have room for 5 things on your bucket list – what are they?
25. Describe the exact day you just had, but from the point of view of a psychopath.
26. Personify regret.
27. Write the back cover of the fiction novel that is based on your life in high school.
28. Detail the adventures of a day where you say “Yes” to everything.
29. How do you feel about love these days?
30. Write ten facebook status updates written by yourself in 2025. 

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