Talk about leaving home. Parte 1 de 2.


Querida Horta,

Prometo que desaires emocionais como este não acontecerão muitas vezes.
É Natal, dá-me o desconto!

Vou continuar a lista de tarefas, com um tema que vem mesmo a calhar:


4. Talk about leaving home. (1/2)

Falar sobre sair de casa. Hum.

Batatinhas*


Parte I

Cada vez mais acredito que as coisas acontecem por uma razão certa. E acontecem quando têm que acontecer. Chamem-me determinista ou o que quiserem, mas a vida tem-me provado que aquilo que parecia tão horrível, só existiu para que uma coisa fantástica tomasse o seu lugar.

São “coincidências”, alguns dizem. Demasiadas as que têm acontecido nos últimos tempos e que me têm feito olhar para a vida com outros olhos, e conseguir ver sempre o seu lado positivo. Talvez tenha sido o escape que me fez continuar sã (tão sã quanto possível, dada a minha condição de pessoa tubérculo um pouco louca). O que quer que seja, tem-me trazido a bons portos, mesmo que a navegação seja às vezes um pouco acidentada.

A um mês de partir para o outro lado do Oceano Atlântico (e juro que a metáfora marinha não foi propositada para dar início a este parágrafo), posso elucidar-te, Horta, que a minha intenção nunca passou por estudar em terras de Samba. Mas quando tudo se vira ao contrário, e parece que entraste numa máquina de lavar em centrifugação, a percepção do que queres fica dúbia. E o que me aconteceu foi que, depois do que eu há muito tinha dado como certo, não ter sido assim tão certo, tive uma necessidade de parar.

Pressionar pausa, reagrupar, e meditar. O que é que EU realmente quero? Não aquilo que parecia certo, não aquilo que eu há anos acreditava que era para mim, mas aquilo que eu QUERO. O que me vai fazer feliz?

Tal como de cada vez que me acontece uma epifania destas, a fase de pausa, reagrupar e meditar durou 2 minutos. Eu decido sempre muito depressa. Se há coisa que não faço é prolongar uma incerteza, e mudar de opinião muitas vezes. Chamemos-me um pouquinho impulsiva (embora eu goste de suavizar para “espontânea”). E sempre tive a sorte de ter um bom colo, um que me apoia e que confia em mim, e nas minhas decisões.

Sair de casa sempre me pareceu algo muito natural. Algo que eu sabia que ia acontecer quando fosse fazer a tese. E sempre estive mentalizada para isto, pois, à medida que progredia no curso, via os mais velhos a fazê-lo.

No entanto, é quando se começa a aproximar a data que o coração fica mais apertadinho. Dou por mim a ficar com a visão baça pelas situações mais banais.

É passar na Rua do Carmo, e aquela malvada daquela adorável carrinha estar a soltar as mais belas notas de Fado, com uma letra tão pura, que só agora a entendo. É cheirar a castanhas assadas, enquanto desço, e as luzes de Natal a iluminarem-me o caminho. (Também é só a altura mais cruel para ir, right?)

É, enquanto isso, o telemóvel vibrar e ser o meu pai a oferecer-me boleia (neste momento, já não vejo o ecrã do pc, e vou fingir que é porque o vapor do chá me está a embaciar as lentes dos óculos), e pensar: Bolas. Isto não há lá.
É depois de tudo isto, chegar a casa e ter uma surpresa deixada pela mãe em cima da mesa da cozinha.

A verdade é que (choquem-se, se ainda não tinham chegado lá antes):


Eu sou uma mariquinhas.

Não tenho medo de nada do que aí vem. Juro que não. Não tenho medo de ir sozinha. Não tenho medo de estar a mais de 8000 km de Portugal, de Lisboa.

Mas sou uma lamechas no que toca à família e principalmente, aos meus pais. Não há ninguém que eu ponha acima deles, e todas as decisões que tomo é com eles no pensamento. Fazê-los ter orgulho em mim, e na pessoa em que me estou a tornar. Apesar das muitas resmunguices que tanto me irritam no dia-a-dia! (Eu já sei que tenho o quarto desarrumado, maaaaaãe!).

Tenho 23 anos e vou sair de casa agora pela primeira vez. Não me entendam mal, há muitos dias em que o grito do Ipiranga está prestes a sair. Mas é Natal, e acho que fico… com mais alergias, vamos pôr desta forma. E a verdade é que entre ter que ouvir as piadas mesmo secas do meu pai (piores que as minhas, acreditem) ou ser violentada com mimos pela minha mãe, eu gosto mesmo da nossa cabaninha de Família. (mesmo, mesmo, mesmo)

Por esta altura tenho os meus sinos nasais todos bloqueados e estou a sentir-me ridícula. Às vezes, crescer é estranho. É bom. A independência, a descoberta, e a novidade deixam-me com ansiedade da boa. Mas é difícil. E há aqueles dias em que me deviam impedir de escrever sobre estes assuntos, como hoje.

Não é por acaso que referi Parte I. Pretendo escrever a Parte II, quando estiver deitada na areia, a beber uma caipirinha, enquanto penso em como começar a tese. Aí relatar-te-ei como se desenlaçaram os meus receios, como está a saudade e o que penso de tudo o que está a acontecer.

Por agora, só acredito que é uma coisa muito boa. E necessária. Para dar valor ao que tenho (e não falo só do pensamento que tenho de cada vez que pego num detergente, ou no que seja: “vou ter que comprar estas coisas!!”), para crescer, para perder os meus medos, e para conhecer novas vivências. Mas fundamentalmente para me conhecer a mim própria. E para ser livre.



Progresso: 2.5/30
1. Describe yourself from your pet’s point of view.
2. Share the most incredible thing you’ve ever seen in the most boring tone possible.
3. Provide your stream of consciousness during the the worst nightmare you’ve ever had.
4. Write about leaving home. (1/2)
5. Pick ten sayings for a fortune cookie that you would never want to see come true.
6. You wake up with a key gripped tightly in your hand. How did you get this key? What do you do with this it?
7. Write a compelling argument pushing the worst advice you’ve ever been given.
8. Describe heartbreak.
9. Give 14 pieces of advice to a teen who is graduating high school.
10. Write the autobiography of the life you weren’t brave enough to lead.
11. Write a love story from end to beginning.
12. Pick a person you can’t stand and write a letter describing every wonderful thing about them.
13. Write a love scene from the point of view of your character’s hands.
14. Turn the thing that makes you the angriest into a poem.
15. Write about the way things should have been.
16. Write your own obituary honestly.
17. The person you loved who didn’t love you back.
18. A coffee date with the person you were a year ago.
19. The horrible secret the grocery clerk was hiding.
20. Write a love story starring your algebra teacher.
21. Write a letter to your future self.
22. Write about writing.
23. You approach a stranger on the street and ask them to tell you one thing they have never told anybody. What do they tell you?
24. You only have room for 5 things on your bucket list – what are they?
25. Describe the exact day you just had, but from the point of view of a psychopath.
26. Personify regret.
27. Write the back cover of the fiction novel that is based on your life in high school.
28. Detail the adventures of a day where you say “Yes” to everything.
29. How do you feel about love these days?
30. Write ten facebook status updates written by yourself in 2025. 

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