Couve-de-bruxelas.
Horta,
Aproveito esta
quadra natalícia, em que a quantidade absurda de doces que comi me adoçou também
o coração (pelo menos na teoria), para falar de um tema que é para mim como
aquelas gomas ácidas. Tu sabes que aquilo vai picar na língua, mas mesmo assim
vais toda lampeira para comer. É como um desejo masoquista que a nossa condição
humana não resiste a experienciar.
É assim, sem
mais delongas, que apresento o quarto texto. Poderia, à semelhança do que fiz
no post anterior, deixar uma Parte II para depois. No entanto, ao contrário do
caso anterior, não sei quando essa Parte II faria sentido, e tenciono acabar
este desafio antes de 2020… ou 2030.
Vou então tentar
responder da forma menos sarcástica possível à pergunta:
29. How do you feel about love these days?
Confesso que
me senti tentada a fazer um post apenas com LOL. Assim um LOL que ocupasse a
folha toda, um LOL bem grande, com muitos “O”s, que se prolongavam
infinitamente. Mas depois pensei: isso não faz sentido nenhum, Batata! Estarias
a dar ênfase à palavra “out” vezes e vezes sem conta. É só estúpido.
Então, lá me
mentalizei e aproveito o cenário bucólico que me rodeia para me inspirar de
coisas boas. Posso dizer-te que são quatro da tarde e estou sentada na relva,
com as costas apoiadas na parede do poço, a ser banhada com um solinho bom de
inverno. Posso dizer-te que oiço as ovelhas a andarem de um lado para o outro,
do outro lado da vedação. Cheira a queimado, mas daquele queimado bom, de forno
de lenha a arder. Tenho um xailinho pelas costas e estou de pernas traçadas com
o portátil no colo. O chazinho de frutos vermelhos fumega ao meu lado e estou a
ficar com as mãos enregeladas (quase rangem quando dobram).
São quatro da
tarde. No entanto, só vais ter conhecimento disto lá pelas dez da noite, e não
deste dia. É que aqui não há facebook, nem wireless, nem cabo de rede, nem o
que seja. E apercebi-me de que, por causa disso, estou muito mais propensa a
fazer a faxina da casa. A que leva o aborrecimento!
Estou a
engonhar, já sei…
Como me sinto
em relação ao amor por estes dias?
Hum. (Posso
pôr só um LOL pequenino? Vá lá…)
Olhando para
trás, para a Consoada, com mais de 20 pessoas à mesa. Olhando para a minha casa
cheia, assim como eu gosto, pensando na garotada toda a correr, nas pessoas (as
minhas pessoas) a comer e a rir de copo cheio, senti o coração repleto. E que
àquela mesa não havia menos do que amor.
Pensando
naquilo que senti, no dia seguinte, a ver o vídeo com as minhas figuras influenciadas
por Baco (e um Baco brasileiro, diga-se. E espanhol também!) já posso dizer que
o amor-próprio deu lugar a uma vergonha, que gostaria que fosse alheia, mas não
foi. E tenho a sensação que esse vídeo ainda me vai perseguir mais vezes! “Te estaba buscando, por la calle gritandoooo.”
Contemplando
agora a outra parte, que não passa por amor de família, ou amor-próprio, é aí
que dá vontade de soltar o LOL. É que após anos a sentir que a cena até se
estava a dar bem, o mau timing e o “quase que parecia que era por ali, só que
não” andam demasiado constantes por este lado. E é ligeiramente aborrecido
quando a outra parte não se sente tão disposta a tentar e… a fazer pela vida, digamos. É que isso é chato e dá trabalho… É ligeiramente aborrecido ser-se crescido e
não querer andar a brincar ao faz-de-conta. Sabes, em criança sempre usei
vestidos, nunca gostei de saltar pocinhas. E apesar de em criança me terem
ensinado a canção das pombinhas da catrina, eu nunca quis andar de mão em mão.
(Entretanto,
as mãos já estavam roxas, o chá já não existia, e o Rodolfo que há em mim estava
a aparecer através do nariz, e troquei a relvinha pela poltrona à lareira.)
No entanto,
creio que estou na condição ideal para embarcar na aventura mané, pela ilha que
está à minha espera no Verão e noutro continente. Seis meses que vão servir
para me pôr em ponto morto, para fazer um restart ou um reset aqui à máquina.
Na verdade, creio que estou a iniciar uma descida a pique, para ganhar um bom
balanço para o futuro.
Portanto, a
resposta que te posso dar a esta tão maravilhosa pergunta, que foi posta numa
altura em que estou em ponto couve-de-bruxelas no que toca à doçura do Amor, é
que neste momento tenho um KEEP OUT sign gigante à minha frente. É quase como,
se o meu coração fosse uma casa, à porta diria “cuidado com a Batata que o cão
está preso”. *inserir 20 smiles sarcásticos*.
Maaaas, como
sou uma Batata que vê sempre a beleza das coisas, e acredita em unicórnios
voadores, sei que a couve-de-bruxelas vai eventualmente transformar-se nalguma
coisa cheia de mel. Mas daquele a sério, que não desaparece do pote sozinho à
primeira dificuldade – queria uma metáfora estúpida para meter aqui, mas que
dificuldades é que podem existir na vida de um mel? Quero dizer… vida de pote é
vida fácil. (Fun fact: Sabias, Horta, que o mel é o único alimento que não
apodrece nem ganha bolor?) Anyway, espero que a Maia (a abelha, não a outra) um
dia se lembre de fazer mel com o meu pólen (isto está a ficar estranho e vou
parar) e que a outra Maia se lembre de alinhar os astros para estes lados, para
que eu possa continuar a acreditar em unicórnios voadores.
Entretanto,
vou continuar no estado de couve-de-bruxelas porque legumes e leguminosas é
comigo, e vou suplementar a cena com mil semáforos amarelos (no infantário ensinaram-me
que era “cautela”), e sinalização temporária. Porque isto está em obras. Não
está escavacado, mas em obras. Resta-me então confiar nos meus Minions operários
e no seu super trabalho de reconstrução. E tudo fica awesome. Como sempre.
Batatinhas*
Progresso: 3.5/30
2. Share the most incredible thing you’ve ever seen in the most boring tone possible.
3. Provide your stream of consciousness during the the worst nightmare you’ve ever had.
4. Write about leaving home. (1/2)
5. Pick ten sayings for a fortune cookie that you would never want to see come true.
6. You wake up with a key gripped tightly in your hand. How did you get this key? What do you do with this it?
7. Write a compelling argument pushing the worst advice you’ve ever been given.
8. Describe heartbreak.
9. Give 14 pieces of advice to a teen who is graduating high school.
10. Write the autobiography of the life you weren’t brave enough to lead.
11. Write a love story from end to beginning.
12. Pick a person you can’t stand and write a letter describing every wonderful thing about them.
13. Write a love scene from the point of view of your character’s hands.
14. Turn the thing that makes you the angriest into a poem.
15. Write about the way things should have been.
16. Write your own obituary honestly.
17. The person you loved who didn’t love you back.
18. A coffee date with the person you were a year ago.
19. The horrible secret the grocery clerk was hiding.
20. Write a love story starring your algebra teacher.
21. Write a letter to your future self.
22. Write about writing.
23. You approach a stranger on the street and ask them to tell you one thing they have never told anybody. What do they tell you?
24. You only have room for 5 things on your bucket list – what are they?
25. Describe the exact day you just had, but from the point of view of a psychopath.
26. Personify regret.
27. Write the back cover of the fiction novel that is based on your life in high school.
28. Detail the adventures of a day where you say “Yes” to everything.
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