WARNING: Grab a tissue, honey.

Acabar os exames é um pouco como sair de uma toca depois de longos meses de hibernação. Não sei bem o que acontece com os ursos, mas eu acabo sempre com um pouco mais de pêlo e um pouco menos de peso. 
Sair à rua dói fisicamente. 
Os olhos estão demasiado habituados à suja escuridão do antro em que nos vemos enfiados durante um mês que nunca acaba (e nem é daqueles que tem 31 dias), e a luz do dia de Verão penetra na retina, diminuindo dolorosamente a menina dos nossos olhos, até já não poder mais. 
E a voz? O mês monossilábico deixa-nos as cordas vocais roucas - sujas do pouco uso - e o vocabulário limitado.
A mente já não divaga pelos caminhos normais. Muito pelo contrário. Fica presa num loop infinito, resolvendo o mesmo problema, vezes sem conta, a noite inteira. É um estado consciente dentro do nosso inconsciente - confuso, algo ébrio, e certamente exaustivo.
E quando tudo acaba, vem o "e agora?". Como dar sentido à vida, agora que já não temos pilhas de livros para devorar? O drama, o horror...! Este estado normalmente dura um dia. Dia esse em que deambulo pela casa, algo a tremer, algo a babar-me. Toda uma ressaca em processo de cura.
É então, que, sem avisar, O dia chega. O dia em que o Sol é bem-vindo e já não magoa os olhos; em que o calor sabe bem na pele e não é repelido com uma ventoinha, porque "estudar com calor é horríveeel"; em que os pássaros cantam melhor e não chateiam, afinal. 
É. Costuma ser isso tudo.

E se puder ser diferente?
Se pudermos agora imaginar que o grande dia do acordar da Besta, do despertar do monstro criado durante um mês, é causado não pelo simples passar do tempo, mas por algo maior?
Causado pelo roer das unhas, enquanto se espera no aeroporto. Pela constante consulta do painel das chegadas. É ver que uma parede me separa do que eu mais quero, e que tenho que esperar mais de uma hora para que a atravesses.
É chegar-me ao pé de ti e ficar sem jeito porque já não te toco há tanto tempo. É sorrires para mim e parecer que nunca foste. E tudo está como sempre foi. Perfeito.

E é basicamente onde estou agora. Se amanhã andar em cima de nuvens de algodão, já sei que estou a sonhar - e aviso. Mas deixemos isso para o Inception. Se tudo for como planeado, Tomorrowland será mais um dia de praia e  de beijinhos salgados... Já o"Aftertomorrowland" é um dia pelo qual não anseio, porque se o que é bom se acaba depressa, o que é muito bom só dura 5 dias.

Batatinhas :)



Isto não foi um típico post da Batata, mas o Tubérculo também precisa de lamechice de quando em vez.


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