O Eça de Queirós era um tipo engraçado#3 "Os Estrangeirismos"

De volta.
Continuo a saga de "O Eça de Queirós era um tipo Engraçado".
Fui, finalmente, ler.
Deparo-me com alguns requintes literários naquele livro que me fizeram rir à gargalhada ao imaginar certas e determinadas situações. Desconfiado? Eu também ficaria se me dissessem tal coisa, mas, descobri que Eça de Queirós era um senhor com um imenso sentido de humor.
Era o que se pode chamar, um tipo com piada!
Leio eu Os Maias quando me deparo, "several times", com coisas deste género, ou seja, a utilização do inglês e do francês em coisas perfeitamente banais, que deixam uma pessoa a olhar para o livro e a perguntar: "Quéstamerda, pa?" (e reparem que eu não disse nenhuma asneira, porque se "Questamerda" fosse uma asneira, "Computador" também o seria).
Um desses "estrangeirismos" que me abala o ser profundamente é o, e passo a citar, num exemplo:
"... e agradeceu o acompanhamento ao Cruges num silencioso shake hands." -» "Shake Hands"???? Quéstamerda, pá? E devo proferir que abri uma página mais ou menos ao acaso para encontrar esta bendita expressão, visto que, em qualquer uma das seiscentas e tal páginas se encontra um "shake hands".
Ora imaginemos que andamos na rua e nos viramos para um amigo e dizemos-lhe:
"-Sabes? Ontem vi o Carlitos! Epá... dei-lhe um kiss on the face que até me deu os calores!"
Ao que ele responde:
"-Sério? Porque é que não lhe deste um kiss on the lips? Desculpa mas era o que eu faria!" (caso o amigo fosse gay)
É de mim ou isto é estúpido?
Faz algum sentido?
Mas os estrangeirismos continuam, e de entre milhares, houve um que achei absolutamente delicioso (parece que "delicioso" é uma palavra que está na moda).
Estava João da Ega, o melhor amigo de Carlos da Maia - protagonista (o Carlos, não o Ega)- a explicar-lhe a razão pela qual ele não devia sentir-se em baixo por não conseguir amar. Para o animar, utiliza, como exemplo, a história de Don Juan:
"Andava à busca do seu ideal, da "sua mulher", procurando-a, principalmente, como de justiça, entre as mulheres dos outros. ("Get Ready" para a expressão) E après avoir couché, declarava que se tinha enganado, que não era aquela."
"Après avoir couché"??? Que subtileza, que genialidade. Não sei se é pelo facto de ser em francês, mas dá-lhe "O" toque.
Se fosse em português seria demasiado óbvio (toda a gente, até os iletrados, perceberia), em inglês, demasiado rude, em alemão imperceptível para toda a gente, mas em francês... Genial.

Comentários

  1. hahaha o eça sabia o que fazia.
    fica uma frase tao mais marcante quando possui estrangeirismos... tanto que até aparecem em blogs de estudantes mediocres (espero que compreendas o que quero dizer quando digo "mediocres" 333).
    e aprés avoir couché, deixo te com um shake hands e um kiss on the lips

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